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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Pedro Caetano: a arte em Alagoas

 





Tenho a impressão de que criar reações emocionais nos observadores e também expressar sentimentos nos tornam mais conscientes da nossa vida e do outro. Grandes artistas do século XX criaram várias maneiras de fazê-lo.

Pedro Caetano

Pedro Caetano, Arquiteto e Urbanista – CESMAC/2008.  
Em 2011 conclui especialização em paisagismo na UNIFOR-CE, onde realiza cursos de extensão em desenho artístico e desenho arquitetônico.







Pedro Caetano



Eduardo Henrique Omena Bastos

A CARTA


Conheci o Pedro no curso de Arquitetura e Urbanismo. Tivemos a oportunidade de trocar algumas ideias em umas disciplinas de Desenhos e Projetos. Desde os primeiros contatos, percebi um aluno diferenciado e sensível, observava nas nossas assessorias uma inquietação, cúmplice de uma vontade de ir mais além. Para minha satisfação, tive a oportunidade de fazer parte da sua banca avaliadora de tcc


Alguns anos se passaram, perdemos o contato. Um belo dia, recebi o convite para um vernissage do Pedro. Logo de cara, fiquei realmente impressionado com um universo pictórico, carregado de emoção e poesia. Seus temas e suas pinceladas reúne toda força do artista que não se molda, a priori, a nenhuma formulação acadêmica.  Talvez o observador imbuído do senso comum, possa estranhar ou mesmo não entender o conteúdo, mas, jamais passará indiferente. Pedro nos convoca a um envolvimento com sua obra, seu apelo não é apenas visual, também é tátil. Seus grossos empastos são um convite ao toque, um estímulo aos sentidos e ao sonho. 


Ligado à você pelo chão



Suas formas não são meramente decorativas, sua ação pictórica é livre, gestual e intuitiva. O geométrico e o figurativo se abraçam nos temas cotidianos e flertam com o abstrato. Não sinto em sua obra, uma preocupação na fidelidade com esse ou aquele estilo – isso, me parece que não o preocupa, vê um compromisso com uma verdade, como quem quer reinventar a Arte a sua maneira. Vai se descobrindo e redescobrindo, colocando o coração na ponta de um pincel e o gesto cria a emoção. E, com ênfase, sua obra é testemunho do que diria Merleau-Ponty: “A concepção não pode preceder a execução.” Não se percebe vacilo nem medos, o artista se expõe, como a dizer ao expectador: “Vá, arrisque-se!”.



Lu


“Boy, you're gonna carry that weight

Carry that weight for a long time..”



Siga feliz amigo meu!



A grande sonhadora

Um pequeno depoimento

Pedro Caetano


Mulher e crainça


Falar ou escrever sobre pintura, a princípio pode parecer um contrassenso, pois ao seguir as palavras de Matisse, ele nos indica que para pintar, o pintor deve cortar sua língua com o intuito de que se deixe falar a voz da emoção.
De certa forma deveria haver um consenso entre os que fazem pintura hoje em dia de que ela é a metáfora dos sentimentos, que são traduzidos plasticamente para a tela.

Tenho a impressão de que criar reações emocionais nos observadores e também expressar sentimentos nos tornam mais conscientes da nossa vida e do outro. Grandes artistas do século XX criaram várias maneiras de fazê-lo.




Vem cá meu bem


Os expressionistas são um belo exemplo disso. Distorciam suas figuras para explorar sentimentos de angústia, sofrimento ou desilusão nascidos também de suas experiências com a guerra.
Penso que pintar é se esforçar para criar poesia com as linhas, formas, texturas, com o arranjo das cores e seu enquadramento.
A emoção que a arte nos traz, ou que uma pintura possa evocar a meu ver é sua verdadeira razão de ser... Concordando com Rubem Alves, a arte, mesmo a dramática, sempre tem objetivo de produzir beleza...



A partilha


...ela está tanto no assunto do quadro, como na maneira como ele é feito...
Essa é uma questão que nasce com o xeque-mate que a fotografia exerce na pintura com o seu surgimento em 1839. Então novas formas de retratar o mundo nasceram a partir dos impressionistas, fauvistas, expressionistas e tantos outros.



Diáspora silenciosa

 Existem pintores totalmente abstratos em que seu assunto é os próprios elementos gráficos, visuais.



Frio


Não me vejo como um pintor totalmente figurativo, porque os elementos gráficos também fazem parte da pintura que venho fazendo.
Entendo que a técnica, o modo como é feito o quadro, vai sendo construído com o tempo, e como diria Matisse, depende muito do temperamento de quem faz.

Jamais pintaria realismos, ou faria colagens por exemplo. Os elementos de composição que mais me interessam são o gesto, o enquadramento e a forma.
Tiro minhas imagens de desenhos de observações que faço de pessoas e lugares que conheço; outras eu invento. A fotografia já contou muitas histórias, e a pintura pode contar outras, que quando nascidas de um desenho se tornam mais pessoais, pois se limitam à impressão e à seleção de quem desenhou. Diferente da fotografia que nada exclui.
Fazer desenhos de observações dos temas do meu interesse é também revelar as imperfeições da minha impressão para torná-las mais individuais, pessoais.
 Temas familiares são também uma maneira de fortalecer minha memória diante da transitoriedade.De uns tempos pra cá me libertei dessa ideia de ‘utopia de um estilo’. É uma utopia no meu caso porque eu não acredito que a pintura é uma poética que nasce do dia pra noite. Ela vai sendo construída diante das hesitações, das aceitações e negações do pintor. Confio mais na fluidez intuitiva da arte e no movimento natural, orgânico. Um quê de Fluxus inconsciente que acho que é a mão que responde, é a sabedoria e inteligência das mãos, não subestimemos a sabedoria manual. A ideia de naturalidade e fluidez me parece um gesto verdadeiro.

Um gesto programado pra mim é uma farsa, quase uma mentira. Meyer Shapiro há muito nos alertou que o estilo é um pré-conceito que a história da arte inventou.

Porque não haveria liberdade na precisão?
E porque não haveria controle no gesto?

A lentidão aumenta a precisão
A velocidade aumenta a pressão
Provocando a precisão
De jeito mecânico
Encontro a liberdade
Do gesto romântico...
Porque não pode haver prazer na disciplina?
Talvez porque o prazer é feito escape de gasolina
Ao vento de mais uma adrenalina (qualquer)...
Gesto sem controle é berro
E controle sem gesto é erro
Gesto é expressão
Controle é silêncio
Gesto é rima escura
e controle é rima branca...
Pedro Caetano




Você dormiu mas me fez sonhar


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